By Pastors Wendell and Oriana Costa

sábado, 16 de janeiro de 2016

O amor de Deus e o amor dos homens.

É muito comum as pessoas confundirem o amor de Deus com o amor humano; no entanto, há uma maneira de diferenciarmos a ação do amor vindo de Deus da ação do amor proveniente do coração dos homens, especialmente através da meditação nas escrituras bíblicas.

Não dá para discernir entre alguém que está agindo segundo o que sente de alguém que está agindo motivado pelo conhecimento de Deus, se não soubermos o que a Bíblia diz sobre Ele mesmo e também sobre o que está acontecendo com os homens que Ele criou.

Sobre o coração humano, a Bíblia relata:

"Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?" (Jeremias 17:9, ACRF)

O trecho acima mostra que o coração do homem é cheio de engano, e mais: revela que ele é "perverso". Esta perversidade do coração humano nem sempre se manifesta com uma aparência má, e esta é a razão pela qual a maioria das pessoas acha que não é má, ou que nunca praticou nenhuma ação perversa.

Porém, a pergunta "quem o conhecerá?" ao fim do versículo, mostra algo importante: que a maldade que existe dentro dos nossos corações nos impede de conhecermos a nós mesmos, nos impede de enxergar quem realmente somos e como está a nossa situação espiritualmente.

Somente pela palavra de Deus é que ficamos de fato sabendo o que há dentro de nossos corações, e sabendo quem de fato somos.

"Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do Senhor permanecerá. O que o homem mais deseja é o que lhe faz bem; porém é melhor ser pobre do que mentiroso." (Provérbios 19:21,22, ACRF)

Através do trecho bíblico acima, observamos que os sentimentos dentro dos nossos corações são muitos e vivem mudando, de acordo com as situações ou de acordo com o que desejamos. A palavra de Deus nos mostra também que nós sempre estamos desejando o que nos faz sentir bem materialmente, a ponto de mentirmos para alcançarmos aquilo que queremos.

Longe de Deus, portanto, e sem o conhecimento da Sua palavra, o ser humano é inconstante emocionalmente e muda de opinião com facilidade sobre o que acontece consigo e ao seu redor. O amor humano, assim como também o ódio, a tristeza, a alegria e tantos outros sentimentos, são variáveis, estão sempre mudando, indo e vindo dentro dos nossos corações, e vão nos impulsionar a tomar decisões.  

Diferentemente do amor humano, o amor de Deus não muda nunca, e não é abalado por situações; ele não é gerado a partir de acontecimentos da terra. O amor que vem da pessoa do Criador obedece somente a Sua justiça, e é o cumprimento da Sua palavra. Ele também é conhecido como "amor ágape", e sempre é motivador de ações para o bem, e, principalmente, é o incentivador da propagação do evangelho da salvação:

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." (João 3:16, ACRF)

"Aparta-te do mal, e faze o bem; procura a paz, e segue-a." (Salmos 34:14, ACRF)

"Mas a vós, que isto ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam; Bendizei os que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam. Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver tirado a capa, nem a túnica recuses." (Lucas 6:27-29, ACRF)

Muitas pessoas, ao lerem o famoso capítulo 13 de 1 Coríntios, não buscam meditar em seu conteúdo e acabam não prestando bem atenção na forma como o apóstolo Paulo se refere ao amor, e acham que ele está falando de um sentimento humano.

Contudo, ao lermos o referido capítulo com cuidado, vamos perceber que ao longo do texto o apóstolo vai mostrando carasterísticas de um tipo de amor que não corresponde a nenhum sentimento humano:

"Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine. Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, mas não tiver amor, nada serei. Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá. O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará. Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos; quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino. Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido. Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor." (1 Coríntios 13:1-13, NVI)


O apóstolo Paulo começa falando que, sem "o amor":
  • Não teria sentido qualquer coisa que falasse, em qualquer língua que existisse, pois seria como fazer barulhos quaisquer (versículo 1); 
  • Ele não teria importância alguma, mesmo que tivesse todo o conhecimento deste mundo e soubesse coisas que as outras pessoas desconhecem, e mesmo que tivesse dons especiais, como o de profetizar e o da fé para realizar prodígios e milagres (versículo 2);    
  • De nada valeria ajudar os pobres (dando, inclusive, tudo o que possuísse), ou fazer sacrifícios por quaisquer outras causas humanitárias, como entregar o corpo para ser queimado, por exemplo (versículo 3);
Analizando apenas estes três primeiros versículos, podemos perceber que Paulo não está falando de algo natural, como o amor humano: Ele está se referindo ao amor de Deus, que procede da Sua reta justiça, e chamando a atenção para a realidade do alto ou para a realidade espiritual.

Muitas vezes, movidos pelo amor inconstante das nossas almas, dizemos "eu te amo" para alguém, e mais tarde, devido às decepções que vivenciamos, não conseguimos falar a mesma frase novamente para a tal pessoa; então, foram palavras ditas movidas por um sentimento passageiro, que chamaram a atenção no início, mas, passaram e perderam o sentido, como um barulho qualquer.

Outras vezes, movidos por sentimentos como solidariedade ou indignação, somos capazes de realizar grandes obras sociais e lutar por causas nobres; porém, sem estarmos movidos pelo verdadeiro amor, sempre vamos querer o reconhecimento dos outros ou vamos querer lucrar alguma coisa com os nossos feitos, ou simplesmente vamos realizar estes atos para "nos sentir bem".    

Dessa forma, segundo considera o nosso apóstolo, qualquer coisa que possamos falar, fazer ou conhecer, se não tiver respaldo no "amor de Deus", não tem sentido algum "espiritualmente".

Do quarto versículo até o oitavo, o apóstolo Paulo vai pontuando certas qualidades do amor de Deus que, nem de longe, o amor humano pode alcançar:
  • é paciente ou sofredor (Ele não desiste de continuar amando caso seja traído ou deixado de lado, por exemplo);
  • é bondoso ou benigno (Ele sempre fará o bem ao próximo, independetemente de situações ou de qualquer sentimento);
  • não inveja ou não cobiça; 
  • não é leviano ou não busca vangloriar-se; (Observação: Uma pessoa leviana é alguém imprudente, sem seriedade, que age precipitadamente e que não tem consideração com o outro. Leviano é também aquele que expressa opinião sem ter certeza do que está informando, e não domina o assunto.) - Muitas vezes, buscando a atenção ou o reconhecimento de alguém, ou até mesmo vingança, falamos de um determinado assunto ou criticamos os outros sem termos certeza alguma do que dizemos!
  • não se orgulha ou não se ensoberbece; 
  • não se porta com indecência ou não é provocador de escândalos;
  • não procura seus interesses;
  • não se irrita por qualquer coisa;
  • não guarda rancor ou não suspeital mal (Ele não é tendencioso a ficar desconfiando dos outros sempre que alguma coisa ruim acontece);  
  • não se alegra com a injustiça, e só se alegra com a verdade (Ele não encontra prazer na impiedade, no pecado);
  • tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (Ele não desiste das coisas facilmente, é persistente);
  • é infalível, e não acaba, ao contrário das profecias, das línguas e de todo o conhecimento humano, que são falhos e um dia terminam. 
Com certeza, se tentarmos comparar o amor que sentimos pelos outros com este amor que Deus tem por nós, vamos perceber com clareza que falhamos em todos os pontos listados acima ao longo das nossas vidas, e que precisamos urgentemente substituir o amor das nossas almas pelo amor de Deus, se quisermos seguir a Cristo de fato.

Para que esta substituição aconteça realmente só há um caminho: precisamos aprender sobre este novo amor, que nos faz viver de uma forma diferente do mundo, através da leitura e meditação na palavra de Deus (sem esquecer, é claro, de pedir antes a Deus que nos conceda o entendimento de Sua palavra e nos ajude a viver conforme):

"Mas, se alguém obedece à sua palavra, nele verdadeiramente o amor de Deus está aperfeiçoado. Desta forma sabemos que estamos nele: aquele que afirma que permanece nele, deve andar como ele andou." (1 João 2:5,6, NVI)

A palavra de Deus está revelada na pessoa de Cristo, que é a verdadeira expressão do amor de Deus por nós e, também através de nós, ao crermos n'Ele:

"Importa que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele." (João 3:14-17, ACRF)

"Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele". (João 14:21, NVI) 

Desta forma, o amor que Deus deseja que nós coloquemos em ação não é aquele que normalmente sentimos em nossas almas, o qual é falho e perecível mediante situações, mas, é aquele advindo de Sua justiça eterna, publicado em Sua palavra e expresso em Seus mandamentos. 

É por isso que o apóstolo João diz estas palavras, ensinando com que tipo de amor devemos amar os nossos semelhantes:

"Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos. Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados. Amados, se Deus assim nos amou, também nòs devemos amar uns aos outros." (1 João 4:7-11, ACRF)



Missionária Oriana Costa.