By Pastors Wendell and Oriana Costa

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Por que não podemos ver a realidade espiritual com nossos olhos naturais?

Muitas pessoas dizem que não acreditam em Deus porque não podem vê-lo ou ouvi-lo, ou não podem visualizar a realidade eterna (plano espiritual), e provar sua existência claramente através de evidências físicas.

Mas, de fato, podemos sentir que há algo diferente em nós e em todos os seres vivos, uma força ou um poder estranho que nos mantém funcionando, e que é definido como "vida".

E esta vida que está em nós não pode ser comercializada como uma coisa material, não pode ser manipulada ou compartilhada de um corpo para outro conforme a nossa vontade. Ela é inviolável, individual e intransferível, e, uma vez saindo do corpo, muito dificilmente volta a ele. 

Nem sempre ressuscitações acontecem por socorro médico; e ainda que elas aconteçam após uma intervenção médica, a maioria das pessoas é levada a inclinar seus pensamentos para Deus, o poder maior do qual emana a vida e que rege todas as coisas no universo. 

Então, surge a pergunta que não quer calar: Se a vida vem de Deus, e Ele existe mesmo, por que não podemos ao menos vê-lo ou ouvi-lo com nitidez, ou visualizar o lugar onde ele está agora?

Somente na Bíblia encontramos respostas claras e objetivas para estas questões.

Segundo o conteúdo bíblico, Deus é essencialmente espírito, não é matéria, apesar de tê-la criado, como podemos perceber em Gênesis, nos capítulos 1 e 2. Nós, seres humanos, somos espírito (fôlego de vida vindo de Deus) e também matéria (Gênesis 2:7); portanto, enquanto Deus vive apenas uma realidade, que é a eterna, nós, seres humanos, fomos criados a partir da eternidade para viver duas realidades: a eterna (ou espiritual) e a física.

Quando Deus nos criou, nós, seres humanos, podiamos vê-lo e ouvi-lo com nitidez, como observamos em Gênesis nos capítulos 2 e 3; contudo, após o julgamento do homem pela sua transgressão eterna, este acesso claro e direto ao Senhor e ao Seu lugar eterno, que é o Seu Reino, precisou ser interrompido (Gênesis 3:22-24; Apocalipse 12:7-9). 

Esta interrupção ou separação é que nos leva ao envelhecimento e à morte física, pois, estando os nossos espíritos desligados do Espírito de Deus, não tem forças para manter nossos corpos vivos para sempre de si mesmos neste mundo (Salmos 90:3-12).

É importante entendermos que o acesso à realidade eterna foi interrompido não somente como um castigo, mas, primeiramente pela misericórdia de Deus em favor de sua criação (Salmos 36:5,6; Lamentações 3:21-23), para que não fôssemos destruídos pela nossa condição espiritual - somos matéria, mas também somos espíritos! 

De acordo com o conteúdo das escrituras, entendemos que quando um espírito desobedece a Deus ou se coloca contra Ele, é condenado sem perdão por saber e ver todas as coisas assim como Deus. Portanto, não há justificativa para uma transgressão diante de Deus nesta situação.

Por este motivo, Satanás e os anjos que o seguiram foram condenados por Deus sem perdão, e ficarão fora do Reino de Deus para sempre sendo consumidos por Sua presença (veja o julgamento e condenação de Satanás em Ezequiel 28:12-18). Assim como Deus é amor, Ele também é fogo consumidor (Deuteronômio 4:24) e é absolutamente justo em seus julgamentos (Apocalipse 16:7), visto que todas as coisas estão nuas e patentes diante d'Ele (Hebreus 4:13).

Nosso espírito sabe todas as coisas, mas nossa carne não nasce sabendo tudo (Mateus 26:41); ela precisa aprender e, ao ignorar a justiça de Deus, fica entregue a si mesma, agindo conforme as sugestões de seus próprios sentimentos, emoções e desejos. E esta situação foi, e ainda é, o nosso álibi diante de Deus: pecamos fisicamente pela ignorância da realidade espiritual, por falta de acesso direto a ela.

Então, Deus está ocultando de nós temporariamente a visão da eternidade numa manobra poderosa e sábia, para não sermos julgados e consumidos espiritualmente por sua presença antes do juízo final. Ele realmente nos ama. É desta forma que Ele está nos dando a chance de nos arrependermos e escolhermos andar em Sua justiça, a fim de sermos absolvidos da condenação espiritual reservada aos que procedem fora da justiça d'Ele (2Pedro3:9).

Assim sendo, sabemos que a morte física não é o fim da nossa existência (Daniel 12:2), e fica claro que o corte da visão da realidade eterna foi a primeira chance de salvação que tivemos. Apesar de ter se ocultado visualmente da humanidade após o pecado, Deus ainda se revelava aos homens e falava diretamente com eles quando era necessário, como observamos nos casos de Adão, Abel e Caim, Noé, etc..

Contudo, os seres humanos não souberam aproveitar esta chance e escolheram continuar andando fora da justiça de Deus (Gênesis 6:5-7). Isso fez com que Ele decretasse a destruição definitiva de toda a humanidade, e também de todo o universo criado exclusivamente para abrigar o homem, conforme declara a Bíblia em Gênesis 1:26-30. 

O que fez o Criador "adiar" esta destruição (pois ela ainda vai acontecer, segundo lemos em 2Pedro 3:3-8), foi a existência de pessoas que, apesar de serem pecadoras, ainda queriam obedecê-lo: a família de Noé (Gênesis 6:8-18). Por causa deles, Deus resolveu dar mais uma chance de salvação aos homens, porém não tão facilmente quanto da primeira vez.

Deus fez um acordo com Noé, após o dilúvio (Gênesis 9:8-17), a fim de esperar um tempo oportuno para julgar definitivamente toda a humanidade. E, assim, o Senhor ficou esperando a maldade se alastrar na terra novamente, até sobrar alguém que confiasse tanto n'Ele que fosse capaz de fazer um sacrifício extremo, caso Deus solicitasse, para obedecê-lo. 

Esse alguém foi Abraão. Este realmente provou que tinha uma grande fé em Deus, ou seja, deu provas com suas palavras e atitudes de que considerava e colocava a justiça de Deus em primeiro lugar em sua vida.

A geração à qual Abraão pertencia era totalmente idólatra (ele era caldeu, e viveu no tempo do Egito antigo, onde as pessoas criavam muitos deuses e os reverenciavam), de tal maneira que aqueles povos já não buscavam mais ao Deus criador como nos aconteceu até o tempo de Noé (este foi o último homem de sua geração, e o último na terra antes do dilúvio, a considerar o seu criador).

Então, alguns séculos depois do dilúvio, Deus encontrou fé em Abraão suficiente para obedecer-lhe, sem que ele pudesse visualizar Sua presença o tempo todo, e sem confirmação de nenhuma coisa escrita, como temos hoje na Bíblia. O Antigo Testamento ainda não tinha sido escrito naqquela época.

Desta forma, Deus apareceu algumas vezes a Abraão, e na penúltima aparição fez uma promessa especial a Ele (Gênesis, capítulos 17 e 18). E aquele homem precisou esperar 25 anos para que esta promessa começasse a se cumprir: Deus lhe prometera uma descendência quando ele tinha 75 anos (Gênesis 12:4-7) e Isaac nasceu quando ele tinha exatamente um século de vida (Gênesis 21:5).

Nesse meio tempo de espera, aquele homem, mesmo imperfeito e falho, jamais desistiu de crer na existência do Deus criador e de crer que Ele cumpriria o que lhe prometera; ainda que não o estivesse vendo, ou a situação ao seu redor lhe indicasse que o prometido era algo impossível de se cumprir aos olhos naturais, ele permaneceu sem duvidar de Deus.

Abraão e Sara ficaram bem idosos até que a promessa fosse cumprida, e além disso, Sara era estéril - Gênesis 11:30; Gênesis 18:11. Foi um teste bem difícil, mas ele foi aprovado. Por este motivo Abraão também é conhecido como "Pai da fé".

E o resultado dessa perseverança, a Bíblia nos revela: Deus cumpriu a promessa por causa da fé persistente de Abraão, enviando Isaac, e, séculos à frente, nos enviando Jesus Cristo: Ele é o Filho unigênito de Deus, que veio da eternidade para morrer em nosso lugar e pagar por nossas transgressões espiritualmente (Isaías 53:7; João 1:36; João 3:16-18) - assim como o cordeiro que foi enviado sobrenaturalmente por Deus para morrer no lugar de Isaac. 

O unigênito de Abraão e Sara, Isaac, seria sacrificado no altar que seu pai levantara, atendendo uma solicitação de Deus (Gênesis 22:1-18); porém, na última hora, Deus enviou um cordeiro para morrer em seu lugar, sinalizando o que o Senhor haveria de fazer para nos justificar eternamente de nossas transgressões diante d'Ele.

Eternamente a justificação ou redenção de uma alma terrena só pode ser feita por outra: Deus não trabalha com dinheiro. Então, para que toda a humanidade tenha a chance de ser justificada na realidade espiritual antes do julgamento definitivo, um homem teria que pagar o preço pela redenção de todos os outros com sua própria vida; contudo, deveria ser alguém não transgressor, sem maldade, ou sem pecado.

Por causa da influência do "conhecimento do bem e do mal" (leia sobre ele em Gênesis 2 e 3) que está em nós, nenhum homem normal consegue parar de pecar totalmente, por mais que se esforce (Eclesiastes 7:20; Romanos 3:21-26; 1João 1:8-10). 

Assim, Isaac, que tinha o "conhecimento do bem e do mal" em sua carne como qualquer outro ser humano, e era, portanto, um pecador, não seria sacrificado pelo pecado eterno ou espiritual da humanidade, e sim Jesus Cristo (a representação humana de Deus - João 12:44-50). Ele veio até nós a fim de se entregar em sacrifício para justificar não somente Isaac, mas, todos os seres humanos que crerem n'Ele, diante do Pai (Colossenses 1:12-18).

Após sua ressurreição, Jesus divulgou as boas novas da salvação às almas humanas que já tinham morrido fisicamente (1Pedro 3:18-22; 1Pedro 4:6); em seguida, antes de voltar à eternidade definitivamente, apareceu aos apóstolos e autorizou a sua igreja a anunciar a justificação do pecado diante de Deus pela fé n'Ele (Marcos 16:15-20), até que se cumpra o tempo estipulado pelo Criador.  

É necessário, portanto, que os homens continuem sem ver a Deus, para que todos possam ter a chance de se arrependerem e se salvarem eternamente, pela fé em Cristo. E, desta maneira, há somente uma única forma de ouvirmos a voz do Criador hoje, que é através dos registros bíblicos (Mateus 22:29).

Ao acessá-los, somos informados especialmente pelo ensinamento de Jesus sobre uma realidade que não podemos ver, mas a qual sentimos e pela qual subsistimos (Colossenses1:12-20), de onde Deus nos julga diariamente, e na qual seremos julgados de uma vez por todas no tempo determinado por Ele (Apocalipse 20:11-15).

Pra. Oriana Costa.

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