By Pastors Wendell and Oriana Costa

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Você está seguindo o ide do Senhor? Ajuda nos trabalhos eclesiásticos? Há informações importantes para você em Marcos capítulo 6!

Aqui se segue uma análise do evangelho de Marcos, no capítulo 6, do qual retiramos algumas informações importantíssimas para quem está cumprindo o ide do Senhor, assumindo uma ou mais das cinco chamadas ministeriais que vemos listadas em Efésios capítulo 4:

E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. (Efésios 4:11-13)

É necessário entendermos a perfeita vontade de Deus com relação ao nosso procedimento com aqueles que estão ao nosso redor, dentro e fora da igreja, para que possamos dar a todos um testemunho positivo de Sua justiça.

No capítulo 6 do livro de Marcos, percebemos algumas posturas do Senhor que muito vão nos ajudar a entender sua vontade. A primeira delas, já partindo dos primeiros versículos, é que não devemos nos perturbar por não sermos levados em consideração no lugar em que Deus está nos usando, pois, Ele é quem é o responsável pela sua obra.

Não devemos deixar de anunciar a mensagem de salvação em determinado lugar, caso as pessoas façam pouco caso de nós ou do evangelho da salvação que anunciamos, pois, quem vai sair perdendo são elas. Deus libera bençãos para confirmar Sua Palavra; se não acreditamos em Sua Palavra, logo, deixaremos de ser abençoados.

Então, iniciando a análise de Marcos 6, sabemos que, o que houve com a maioria dos habitantes de Nazaré, cidade natal de Jesus, foi que eles se deixaram levar pela aparência humana do Rei; eles escolheram desconsiderar o fato de Jesus ter uma sabedoria surpreendente, que nenhum homem conhecido entre eles possuia, e também fazer milagres extraordinários, simplesmente por ele estar num corpo humano, e fazer parte de uma família comum, com pai, mãe, irmãos e irmãs.

Eles simplesmente "acharam" (sem atentar para o que diz as escrituras sobre como viria para eles o Cristo!) que Deus não poderia se fazer como um ser humano entre eles, e por isso muitos não conseguiram enxergar que aquele era o criador de todas as coisas em pessoa; logo, Deus deixou de favorecer a muitos ali, pois outros milagres só teriam ocorrido se aquelas pessoas tivessem tido fé em Deus pelo que ensinava e fazia o Senhor Jesus entre eles.

O Senhor não perdeu absolutamente nada ao ser ignorado pelos seus "conterrâneos", tampouco seus discípulos ou os apóstolos perderam qualquer coisa, muito pelo contrário; estes continuaram sendo usados por Deus e sendo favorecidos por Ele à medida que o obedeciam.

Jesus seguiu para os povoados vizinhos a Nazaré, depois de passar lá o tempo determinado pelo Pai (Ele não saiu de lá por ter sido rejeitado!), contudo, os poucos indivíduos que acreditaram nele e permaneceram lá, serviram de testemunhas daquilo que fez o Senhor em suas vidas; certamente eles deram continuidade ao trabalho que o Senhor estava fazendo, que era o de anunciar o Reino de Deus e Sua justiça naquele lugar.

Vejamos o referido trecho:

Jesus saiu dali e foi para a sua cidade, acompanhado dos seus discípulos. Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga, e muitos dos que o ouviam ficavam admirados. De onde lhe vêm estas coisas?, perguntavam: Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E estes milagres que ele faz? Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? Não estão aqui conosco as suas irmãs? E ficavam escandalizados por causa dele. Jesus lhes disse: Só em sua própria terra, entre seus parentes e em sua própria casa, é que um profeta não tem honra. E não pôde fazer ali nenhum milagre, exceto impor as mãos sobre alguns doentes e curá-los. E ficou admirado com a incredulidade deles. Então Jesus passou a percorrer os povoados, ensinando.(Marcos 6:1-6)

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Chamando os Doze para junto de si, enviou-os de dois em dois e deu-lhes autoridade sobre os espíritos imundos. Estas foram as suas instruções: Não levem nada pelo caminho, a não ser um bordão. Não levem pão, nem saco de viagem, nem dinheiro em seus cintos; calcem sandálias, mas não levem túnica extra; sempre que entrarem numa casa, fiquem ali até partirem; e, se algum povoado não os receber nem os ouvir, sacudam a poeira dos seus pés quando saírem de lá, como testemunho contra eles. Eles saíram e pregaram ao povo que se arrependesse. Expulsavam muitos demônios, ungiam muitos doentes com óleo e os curavam. O rei Herodes ouviu falar dessas coisas, pois o nome de Jesus havia se tornado bem conhecido. Algumas pessoas estavam dizendo: João Batista ressuscitou dos mortos! Por isso estão operando nele poderes miraculosos. Outros diziam: Ele é Elias. E ainda outros afirmavam: Ele é um profeta, como um dos antigos profetas. Mas quando Herodes ouviu essas coisas, disse: João, o homem a quem decapitei, ressuscitou dos mortos! (Marcos 6:7-16)

Observação: Para ajudar a reforçar o entendimento do trecho bíblico acima podemos ver também relatos semelhantes nas seguintes referências: Mateus 10:1-16, Lucas 10:3-12 e Atos 13:42-52.

Por não entenderem o que as escrituras diziam sobre o Cristo, muitos israelitas confundiram o Seu Rei, Jesus, com outras pessoas; eles acharam que "aquele homem" seria o profeta Elias (que há muito tempo fora arrebatado) se manifestando entre eles, ou que Ele era a versão ressurreta de João Batista, que estava operando sinais miraculosos por ter ressucitado (o próprio rei Herodes achava que Jesus era João Batista ressuscitado - Marcos 6:16-29)

Outros achavam que Jesus era mais um profeta que Deus estava enviando para falar ao seu povo, como enviou na antiguidade. A maioria dos judeus não conseguia enxergar que Jesus era o próprio Deus em pessoa ali com eles, apesar dos sinais diferenciados (sobrenaturais!) que Ele, em pessoa e também através dos apóstolos que Ele enviou, dava disso.

Nas demais nações da terra, ocorre algo semelhante. Ao lerem a Bíblia, muitas pessoas acham que Jesus é um alienígena, ou que é a incorporação de algum deus grego ou indu. Até mesmo os apóstolos, já naquela época, depois que Cristo ascendeu aos céus e eles estavam anunciando as boas novas em Roma, por exemplo, foram confundidos com deuses por causa dos sinais miraculosos que aconteciam. 

Sabemos que, na verdade, é Deus quem operava prodígios por eles para testificar a mensagem de salvação que apregoavam, e isso ainda está acontecendo em nossos dias: Deus tem operado milagres e prodígios através das vidas de muitos homens e mulheres que se dispõem a anunciar as boas novas do Reino, para que as pessoas creiam nesta mensagem e também louvem a Deus pela salvação que conseguiram, mediante esta surpreendente e maravilhosa graça disponível eternamente. Vejamos a referida passagem, onde Paulo e Barnabé foram confundidos com deuses gregos após terem sido usados por Deus na operação de milagres (o povo queria adora-los):

Em Listra havia um homem paralítico dos pés, aleijado desde o nascimento, que vivia ali sentado e nunca tinha andado. Ele ouvira Paulo falar. Quando Paulo olhou diretamente para ele e viu que o homem tinha fé para ser curado, disse em alta voz: Levante-se! Fique de pé! Com isso, o homem deu um salto e começou a andar. Ao ver o que Paulo fizera, a multidão começou a gritar em língua licaônica: Os deuses desceram até nós em forma humana! A Barnabé chamavam Zeus e a Paulo Hermes, porque era ele quem trazia a palavra. O sacerdote de Zeus, cujo templo ficava diante da cidade, trouxe bois e coroas de flores à porta da cidade, porque ele e a multidão queriam oferecer-lhes sacrifícios. (Atos 14:8-13)

É importante que, cristãos que estão sendo usados em sinais e prodígios, deixem claro que não são eles que estão operando tais maravilhas de si mesmos, mas tudo está sendo feito por Deus, e em Nome de Jesus, que autoriza a sua igreja a ir e anunciar as boas novas de salvação a todos, e sinaliza a veracidade da mensagem com eventos sobrenaturais. 

Se isso não for continuamente lembrado em público, as pessoas deixarão de crer no evangelho e de darem louvor e ações de graças a Deus, e passarão a entregar aos missionários, evangelistas, pregadores, pastores, etc., as honras que são devidas somente ao Criador de todas as coisas. 

Vejamos o que Paulo falou ao povo, após ele e Barnabé serem confundidos com os deuses da localidade:   

Ouvindo isso, os apóstolos Barnabé e Paulo rasgaram as roupas e correram para o meio da multidão, gritando: Homens, por que vocês estão fazendo isso? Nós também somos humanos como vocês. Estamos trazendo boas novas para vocês, dizendo-lhes que se afastem dessas coisas vãs e se voltem para o Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há. No passado ele permitiu que todas as nações seguissem os seus próprios caminhos. Contudo, não ficou sem testemunho: mostrou sua bondade, dando-lhes chuva do céu e colheitas no tempo certo, concedendo-lhes sustento com fartura e enchendo de alegria os seus corações. Apesar dessas palavras, eles tiveram dificuldade para impedir que a multidão lhes oferecesse sacrifícios. (Atos 14:14-18)     

Antes de enviar os apóstolos aos povoados para anunciarem as boas novas de salvação, Jesus os advertiu que poderiam não ser ouvidos pelos israelitas; se isso acontecesse, o Senhor orientou aos apóstolos que sacudissem a poeira dos pés ao saírem do lugar que assim procedesse com eles. Isso quer dizer que, se os apóstolos chegassem em alguma comunidade judaica e não fossem recebidos ou ouvidos, estavam autorizados por Deus a darem um sinal aquelas pessoas, de modo que elas entedessem que receberiam julgamento e seriam condenadas pelo Senhor por não terem dado ouvidos a sua mensagem.

Então, de acordo com o entendimento e cultura daquela época, "sacudir o pó dos pés" era um sinal somente para os judeus que não dessem crédito ao evangelho da salvação. Hoje, porém, não necessariamente precisaremos sacudir a poeira dos pés contra eles caso rejeitem o evangelho após lhes comunicarmos a mensagem de Deus (porque culturalmente não se cabe mais este procedimento), mas, podemos falar-lhes abertamente o que lhes sucederá por não considerarem a mensagem daquele que se sacrificou para salvá-los da condenação eterna.

Uma outra coisa interessante, é sobre a maneira como Jesus orientou os apóstolos sobre sua aparência para realizar a tarefa de anunciar a mensagem de salvação aos israelitas. Ele os instruiu a prosseguirem anunciando o Reino sem aparentarem serem abastados, e sem dependerem do auxílio de bens materiais para continuarem anunciando o evangelho (ainda que eles os tivessem), mas que proseguissem apenas com a roupa do corpo, procurando depender apenas do poder e do cuidado de Deus.

Por isso observamos o Senhor falando aos seus discípulos: "não levem nada pelo caminho, a não ser um bordão (cajado). Não levem pão, nem saco de viagem, nem dinheiro em seus cintos; calcem sandálias, mas não levem túnica extra." E realmente, como veremos no trecho bíblico a seguir, eles voltaram para Jesus dando testemunho de que nada lhes faltou enquanto executavam aquela missão.

Então Jesus lhes perguntou: Quando eu os enviei sem bolsa, saco de viagem ou sandálias, faltou-lhes alguma coisa? Nada, responderam eles. (Lucas 22:35)

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Os apóstolos reuniram-se a Jesus e lhe relataram tudo o que tinham feito e ensinado. Havia muita gente indo e vindo, a ponto de eles não terem tempo para comer. Jesus lhes disse: Venham comigo para um lugar deserto e descansem um pouco. Assim, eles se afastaram num barco para um lugar deserto. (Marcos 6:30-32)

Este trecho mostra como era grande o trabalho que, não somente Jesus, mas, seus apóstolos tinham; constantemente eles visitavam pessoas e também eram procurados pelos que criam em Deus e buscavam receber deles instruções sobre as escrituras, orações, e imposição de mãos para cura e para libertação de espíritos opressores. Dá para perceber que aqueleles homens provavelmente não paravam em suas casas, não deviam ter muito tempo para ver seus familiares e descansar, porque eram muito visados, assim como Jesus. 


A demanda atingiu um tal nível que, ao vê-los sem ter como se alimentarem, o Senhor levou-os a um lugar afastado, para que eles pudessem ao menos comer alguma coisa e descansar um pouco. Com estas informações, notamos que Deus não deseja obreiros sobrecarregados com os trabalhos da anunciação das boas novas do Reino. Não é da vontade de Deus que aqueles que se encarregam de trabalhar em Sua obra se encham de serviços, a tal ponto de não terem tempo nem para comer ou descansar. 

Os que seguem o ide do Senhor devem pedir sabedoria e providência a Deus para poderem descansar, se alimentarem adequadamente e, se tiverem família, passar tempo com ela. Um(a) obreiro(a) sobrecarregado(a) de serviços não dará o seu melhor para Deus porque adoecerá. 

E um(a) obreiro(a) casado(a) e com filhos não deve se ausentar de sua casa por muitos dias, pois a esposa (ou marido) e os filhos, principalmente se forem ainda crianças ou adolescentes, precisam de atenção e cuidado. Em um lar também existem obrigações e trabalhos a serem feitos; as responsabilidades não podem ficar somente nas costas de um dos cônjuges, enquanto o outro se ausenta constantemente de seus papéis em casa. 

A ausência contínua de um marido ou de esposa pode acabar em separação, por causa das muitas e fortes tentações que ambos sofrerão, principalmente na área sexual; e a ausencia de um pai ou de uma mãe pode resultar em filhos mal-educados, infelizes, confusos e libertinos, mesmo que esta ausência seja em prol da obra de Deus. Filhos precisam ser instruídos na Palavra, receberem carinho e serem corrigidos quando necessário, e isto requer tempo, paciência e dedicação. 

Não é à tôa que o apóstolo Paulo dá estas instruções aos cristãos coríntios, sobre como devem se comportar os casais cristãos:

Quanto aos assuntos sobre os quais vocês escreveram, é bom que o homem não toque em mulher, mas, por causa da imoralidade, cada um deve ter sua esposa, e cada mulher o seu próprio marido. O marido deve cumprir os seus deveres conjugais para com a sua mulher, e da mesma forma a mulher para com o seu marido. A mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o marido. Da mesma forma, o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a mulher. Não se recusem um ao outro, exceto por mútuo consentimento e durante certo tempo, para se dedicarem à oração. Depois, unam-se de novo, para que Satanás não os tente por não terem domínio próprio. Digo isso como concessão, e não como mandamento. (1 Coríntios 7:1-6)

E também não é à tôa que ele instrui os cristãos efésios, através de uma carta que escreveu a Timóteo, e os cristãos de Creta, através de uma carta que escreveu a Tito, com estas palavras:

Esta afirmação é digna de confiança: se alguém deseja ser bispo, deseja uma nobre função. É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, sóbrio, prudente, respeitável, hospitaleiro e apto para ensinar; não deve ser apegado ao vinho, nem violento, mas sim amável, pacífico e não apegado ao dinheiro. Ele deve governar bem sua própria família, tendo os filhos sujeitos a ele, com toda a dignidade. Pois, se alguém não sabe governar sua própria família, como poderá cuidar da igreja de Deus? Não pode ser recém-convertido, para que não se ensoberbeça e caia na mesma condenação em que caiu o diabo. Também deve ter boa reputação perante os de fora, para que não caia em descrédito nem na cilada do diabo. Os diáconos igualmente devem ser dignos, homens de palavra, não amigos de muito vinho nem de lucros desonestos. Devem apegar-se ao mistério da fé com a consciência limpa. Devem ser primeiramente experimentados; depois, se não houver nada contra eles, que atuem como diáconos. As mulheres igualmente sejam dignas, não caluniadoras, mas sóbrias e confiáveis em tudo. O diácono deve ser marido de uma só mulher e governar bem seus filhos e sua própria casa. Os que servirem bem alcançarão uma excelente posição e grande determinação na fé em Cristo Jesus. (1 Timóteo 3:1-13)

A razão de tê-lo deixado em Creta foi para que você pusesse em ordem o que ainda faltava e constituísse presbíteros em cada cidade, como eu o instruí. É preciso que o presbítero seja irrepreensível, marido de uma só mulher, e tenha filhos crentes que não sejam acusados de libertinagem ou de insubmissão. Por ser encarregado da obra de Deus, é necessário que o bispo seja irrepreensível: não orgulhoso, não briguento, não apegado ao vinho, não violento, nem ávido por lucro desonesto. É preciso, porém, que ele seja hospitaleiro, amigo do bem, sensato, justo, consagrado, tenha domínio próprio e apegue-se firmemente à mensagem fiel, da maneira como foi ensinada, para que seja capaz de encorajar outros pela sã doutrina e de refutar os que se opõem a ela. (Tito 1:5-9) 

Então, procurar descansar de vez em quando dos serviços eclesiásticos e/ou investir tempo na família também faz parte da obra de Deus! Um obreiro sobrecarregado e/ou com uma família desequilibrada emocionalmente e/ou desestruturada infelizmente está dando um mal testemunho aos seus irmãos em Cristo, principalmente se esses forem novos convertidos, e também exibindo um péssimo testemunho aos de fora da fé.

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Mas muitos dos que os viram retirar-se, tendo-os reconhecido, correram a pé de todas as cidades e chegaram lá antes deles. Quando Jesus saiu do barco e viu uma grande multidão, teve compaixão deles, porque eram como ovelhas sem pastor. Então começou a ensinar-lhes muitas coisas. Já era tarde e, por isso, os seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: Este é um lugar deserto, e já é tarde. Manda embora o povo para que possa ir aos campos e povoados vizinhos comprar algo para comer. Ele, porém, respondeu: Dêem-lhes vocês algo para comer. Eles lhe disseram: Isto exigiria duzentos denários! Devemos gastar tanto dinheiro em pão e dar-lhes de comer? (Marcos 6:33-37)

Ao lermos este trecho do evangelho de Marcos percebemos pessoas com fome e sede da justiça de Deus, procurando ter um encontro com Ele para entender Sua vontade. Elas queriam ser esclarecidas sobre as escrituras, e não mediram esforços para chegar até o Senhor, porque sabiam que somente através dele obteriam o conhecimento que buscavam. Vendo aquilo, Cristo se compadeceu deles em sua insistência e perseverança, e os saciou ensinando-lhes a verdade que liberta.

É interessante lembrarmos que, naquele tempo, existiam muitos mestres da lei, muitos escribas e fariseus, mas nenhum deles foi capaz de satisfazer o desejo que aquelas pessoas tinham de entenderem a vontade de Deus. Aquela gente estava perdida, confusa, e insatisfeita espiritualmente. Apesar de irem às sinagogas e cumprirem seus votos e suas obrigações segundo a lei mosaica, as pessoas eram como ovelhas sem pastor, ou seja, não tinham quem cuidasse delas, orientado-as de forma clara para que realmente fossem guiadas até o Criador de todas as coisas.

E assim ainda acontece hoje. Muitos estão indo às igrejas, e estão se enchendo de conhecimento, se valendo de muitos rituais, e se ocupando com muitas obrigações, mas não estão sendo saciados espiritualmente com a verdade que liberta, apesar de terem sede e fome da justiça de Deus. 

Este é o principal motivo de haver tanta migração de pessoas de uma lado para outro: elas estão buscando respostas para seus questionamentos acerca da palavra e também as soluções para seus problemas diários. Esses indivíduos não estão conseguindo o alimento para seus espíritos, porém, é dever do pastor ou da liderança de uma igreja verdadeiramente cristã cuidar das pessoas que estão congregando e buscando a Deus ali, e o ensino da justiça do Reino faz parte desse cuidado. 

Então, notamos que a postura de Jesus com aqueles que estavam buscando a Deus de todo o coração foi de cuidado, em todos os sentidos. Ele não somente alimentou aquelas pessoas espiritualmente, mas também fisicamente. Em contrapartida, é interessante a reação dos discípulos quando o Senhor lhes disse: "Dêem-lhes vocês algo para comer".      

O que Jesus falou falou a eles, em outras palavras, foi o seguinte: "Mostrem a este povo
benevolência, bondade, porque vocês são meus discípulos. Vão vocês aos povoados vizinhos, comprem comida com o dinheiro que vocês tem e tragam para alimentar estas pessoas." Ao ouvirem isso os discípulos responderam: "Isto exigiria duzentos denários! Devemos gastar tanto dinheiro em pão e dar-lhes de comer?" Assim, percebemos que esta resposta não foi dada por falta de dinheiro, e sim, por pena de gastar uma quantia mais alta fazendo a caridade, ou medo de que fosse faltar depois. 

Quando estavam seguindo a Jesus, os discípulos deixaram seus trabalhos seculares; eles agiram assim para dedicar o máximo de tempo em receberem instruções das escrituras diretamente do Senhor, e aprenderem tudo o que podiam em Sua companhia. O dinheiro que eles tinham não era pouco, porque recebiam ofertas constantemente das mulheres que seguiam Jesus, segundo vemos nesta passagem:

Depois disso Jesus ia passando pelas cidades e povoados proclamando as boas novas do Reino de Deus. Os Doze estavam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e doenças: Maria, chamada Madalena, de quem haviam saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, administrador da casa de Herodes; Susana e muitas outras. Essas mulheres ajudavam a sustentá-los com os seus bens. (Lucas 8:1-3)

A reação dos discípulos naquele momento (apesar de estarem acompanhando todos os passos de Cristo, e inclusive vendo Ele operar milagres diante dos olhos deles) mostra o quanto eles ainda estavam presos a seus desejos carnais, sem compreenderem bem que aquele homem que estava com eles era o Criador de todas as coisas, e que a Justiça d'Ele é totalmente diferente da justiça deste mundo. Todos eles ainda estavam apegados ao poder do dinheiro, e deixaram de obedecer ao Senhor quando aconselhados por Ele a servirem aquelas pessoas, por causa disso.

É sempre bom lembramos o que Cristo falou em relação a colocarmos o dinheiro ou bens materiais em primeiro lugar em nossas vidas:

Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro. (Mateus 6:24) 
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A reação contrária dos discípulos em fazer algo bom àquela multidão não intimidou ou impediu o Senhor de fazer sua parte. Da mesma maneira que Ele se importou com os discípulos por não estarem encontrando tempo para se alimentar por causa da demanda de serviços, e os ajudou, Cristo também se importou com toda aquela gente, que se esforçou para encontrá-lo, ainda que fosse naquele lugar deserto. Como nada é impossível para Deus, o Senhor alimentou a cinco mil pessoas, incluindo seus discípulos, através de uns poucos pães e peixes que ali havia:  

Perguntou ele: Quantos pães vocês têm? Verifiquem. Quando ficaram sabendo, disseram: Cinco pães e dois peixes. Então Jesus ordenou que fizessem todo o povo assentar-se em grupos na grama verde. Assim, eles se assentaram em grupos de cem e de cinqüenta. Tomando os cinco pães e os dois peixes e, olhando para o céu, deu graças e partiu os pães. Em seguida, entregou-os aos seus discípulos para que os servissem ao povo. E também dividiu os dois peixes entre todos eles. Todos comeram e ficaram satisfeitos, e os discípulos recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe. Os que comeram foram cinco mil homens. (Marcos 6:38-44)

Executando este milagre, O Rei Jesus mostrou que quem busca a Deus de coração tem d'Ele o favor, ainda que os outros não estejam dispostos ou se recusem a ajudar. Ele mostrou também que o poder de Deus está acima do poder do dinheiro, fazendo, inclusive, sobrar os pães e os peixes. Provavelmente, se os discípulos tivessem ido comprar comida para aquelas pessoas não teria sobrado da maneira como aconteceu no evento. 

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Logo em seguida, Jesus insistiu com os discípulos para que entrassem no barco e fossem adiante dele para Betsaida, enquanto ele despedia a multidão. Tendo-a despedido, subiu a um monte para orar. Ao anoitecer, o barco estava no meio do mar, e Jesus se achava sozinho em terra. Ele viu os discípulos remando com dificuldade, porque o vento soprava contra eles. Alta madrugada, Jesus dirigiu-se a eles, andando sobre o mar; e estava já a ponto de passar por eles. Quando o viram andando sobre o mar, pensaram que fosse um fantasma. Então gritaram, pois todos o tinham visto e ficam aterrorizados. Mas Jesus imediatamente lhes disse: Coragem! Sou eu! Não tenham medo! Então subiu no barco para junto deles, e o vento se acalmou; e eles ficaram atônitos, pois não tinham entendido o milagre dos pães. Seus corações estavam endurecidos. (Marcos 6:45-53)

Nesse trecho vemos o Senhor favorecendo os discípulos de duas formas, ainda que seus corações estivessem endurecidos para compreendê-lo: a primeira, fazendo com que eles fossem na frente para a próxima cidade em que iam trabalhar, e despendindo aquela multidão de pessoas Ele mesmo, em vez de deixar este serviço para seus discípulos fazerem - e novamente percebemos que Deus não queria sobrecarregar aqueles homens; e a segunda, ajudando o barco a chegar mais rápido ao seu destino, pois os discípulos estavam com dificuldades de locomoção devido ao vento contrário. 

Uma outra coisa interessante e sobrenatural, e que talvez eles não estivessem percebendo, é que Jesus não se cansava de trabalhar. O Senhor estava junto com seus discípulos o tempo todo, e quando eles estavam descansando, Ele continuava trabalhando, como podemos notar especialmente no momento em que Ele insistiu para os discípulos irem na frente para Betsaida, enquanto Ele despedia nada mais nada menos que cinco mil(!) pessoas. E depois de ter despedido toda aquele gente, Jesus subiu um monte(!) para orar(!).

Nós, seres humanos comuns, temos um limite e precisamos de descanso, mas, com Deus não é assim, pois Ele é o Criador de todas as coisas e é espírito, e espíritos não se cansam como pessoas. Só o Criador teria poder para neutralizar as próprias leis físicas que criou e andar por cima das águas, ainda que num corpo humano, e foi isso que Ele quis mostrar aos seus discípulos; só que em vez de enxergá-lo como Ele é, aqueles homens se amendrontaram achando que Cristo era uma assombração. 

Dá para notar que os discípulos estavam presenciando evidências claras de que aquele homem sábio que estava com eles era o Criador, porém, não estavam percebendo-o ainda. 

É incrível como somente com a analise de um único capítulo do evangelho de Marcos já podemos fazer uma lista de sinais que Jesus estava dando de sua divindade: Ele curava instantâneamente; expulsava espíritos malignos das pessoas; providenciou descanso para seus discípulos enquanto continuava trabalhando; não se cansava de trabalhar; providenciou alimento suficiente para saciar uma multidão de cinco mil pessoas, incluindo seus discípulos, sem usar dinheiro para comprar comida; caminhou uma longa distância sobre as águas e acalmou o vento. 

Fazendo a restropectiva de cada evento descrito no capítulo 6 de Marcos até agora, observamos que todos estes sinais foram presenciados pelos discípulos no prazo de um mês ou dois, quase que diariamente. Quando eles foram enviados aos povoados próximos a Nazaré, viram acontecer, nas pessoas pelas quais oraram e sobre as quais impuzeram as mãos, os sinais miraculosos que o Senhor lhes havia autorizado a fazer em Nome d'Ele.

Então, não havia lógica, humanamente falando, para o espanto e o medo que os discípulos sentiram ao verem o Senhor Jesus andando sobre o mar para chegar até eles. Contudo, há uma explicação plausível, segundo as escrituras, para aquele alarde dos discípulos, ainda que tivessem presenciado sinais miraculosos executados por seu mestre antes: os corações deles estavam "endurecidos", ou seja, eles ainda estavam com os olhos e os ouvidos espirituais bloqueados em parte pelo poder de Deus, assim como a maioria dos israelitas. Sobre isso, falaram Moisés e o profeta Isaías:

Com os seus próprios olhos vocês viram aquelas grandes provas, aqueles sinais e grandes maravilhas. Mas até hoje o Senhor não lhes deu mente que entenda, olhos que vejam, e ouvidos que ouçam. (Deuteronômio 29:3-4)

Então ouvi a voz do Senhor, conclamando: Quem enviarei? Quem irá por nós? E eu respondi: Eis-me aqui. Envia-me! Ele disse: Vá, e diga a este povo: Estejam sempre ouvindo, mas nunca entendam; estejam sempre vendo, e jamais percebam. Torne insensível o coração desse povo; torne surdos os ouvidos dele e feche os seus olhos. Que eles não vejam com os olhos, não ouçam com os ouvidos, e não entendam com o coração, para que não se convertam e sejam curados. (Isaías 6:8-10) 

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Depois de atravessarem o mar, chegaram a Genesaré e ali amarraram o barco. Logo que desembarcaram, o povo reconheceu Jesus. Eles percorriam toda aquela região e levavam os doentes em macas, para onde ouviam que ele estava. E aonde quer que ele fosse, povoados, cidades ou campos, levavam os doentes para as praças. Suplicavam-lhe que pudessem pelo menos tocar na borda do seu manto; e todos os que nele tocavam eram curados. (Marcos 6:53-56)

Esta passagem é interessante, pelo fato de que o povo de Genesaré nunca tinha visto Cristo pessoalmente, mas, no entanto, o "reconheceram". Este reconhecimento não é conforme a ciência humana, mas foi concedido pelo Pai àquelas pessoas. Os indivíduos daquela cidade reconheceram Jesus conforme o que era dito sobre Ele nas escrituras, e não conforme a aparência humana; eles perceberam que aquele homem se tratava do Senhor, o Criador de todas as coisas, o Seu Rei, ali presente. 

Então, aquela gente reconheceu Jesus espirituamente! Nem mesmo os discípulos ainda o reconheciam desta maneira, e tanto é que se espantaram ao verem o Senhor andando sobre as águas. 

Esta percepção diferenciada foi que levou aquelas pessoas a terem a absoluta certeza de que somente tocando na borda do manto de Jesus seriam curadas, como de fato foram. Por esta mesma certeza é que também iam atrás do Senhor onde quer que Ele fosse, sempre levando seus doentes, para que fossem curados. 

Eles sabiam que a vinda de Jesus era o cumprimento do que o Pai prometera a Israel, e também que o Cristo cumpriria no meio do povo o que estava documentado, sobre como ele agiria, nas escrituras:

Esperarei pelo Senhor, que está escondendo o seu rosto da descendência de Jacó. Nele porei a minha esperança. Aqui estou eu com os filhos que o Senhor me deu. Em Israel somos sinais e símbolos da parte do Senhor dos Exércitos, que habita no monte Sião. (Isaías 8:17-18)

Ocultarei desta cidade o meu rosto por causa de toda a sua maldade. Todavia, trarei restauração e cura para ela; curarei o meu povo e lhe darei muita prosperidade e segurança. Mudarei a sorte de Judá e de Israel e os reconstruirei como antigamente. Eu os purificarei de todo o pecado que cometeram contra mim e perdoarei todos os seus pecados de rebelião contra mim. (Jeremias 33:5-8)  

Tu, Belém-Efrata, embora sejas pequena entre os clãs de Judá, de ti virá para mim aquele que será o governante sobre Israel. Suas origens estão no passado distante, em tempos antigos. (Miquéias 5:2)



Pastora Oriana Costa.


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