No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. (João 4:23-24)
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De fato, a adoração que Deus recebe é aquela feita em espírito e em verdade, ou seja, Deus só é adorado realmente quando aquilo que estamos fazendo é de todo o coração, independentemente do dia, da hora ou do local onde estamos, e, também, quando esta ação está sendo movida pela fé verdadeira, advinda do conhecimento de Cristo.
Então, Deus pode e quer ser adorado, não somente através de todas as artes que existem, mas, também e especialmente, com toda a nossa vida, do momento em que acordamos até o momento do nosso descanso no fim do dia; Ele observa se nossas ações estão acontecendo em amor a Ele, em respeito e consideração ao perdão que Ele liberou a todos eternamente, perdão que somente adquirimos consciência através da compreensão da mensagem de salvação. Jesus fez menção a esta adoração ao comentar sobre a atitude de uma certa viúva muito pobre que estava ofertando tudo o que tinha no templo:
Jesus sentou-se em frente do lugar onde eram colocadas as contribuições, e observava a multidão colocando o dinheiro nas caixas de ofertas. Muitos ricos lançavam ali grandes quantias. Então, uma viúva pobre chegou-se e colocou duas pequeninas moedas de cobre, de muito pouco valor. Chamando a si os seus discípulos, Jesus declarou: Afirmo-lhes que esta viúva pobre colocou na caixa de ofertas mais do que todos os outros. Todos deram do que lhes sobrava; mas ela, da sua pobreza, deu tudo o que possuía para viver. (Marcos 12:41-44)
Aquela viúva adorou a Deus de todo o coração, contribuindo com tudo o que tinha em dinheiro para a manutenção do serviço sacerdotal no templo. Ela não fez aquilo por obrigação, mas, por conhecer a Deus através de ouvir as escrituras (as mulheres daquele tempo e cultura não sabiam ler) e de contemplar a manifestação do poder de Deus em sua própria vida, e estar realmente grata a Ele por tudo.
O fato de alguém não saber cantar ou não se sentir bem cantando, ou não saber tocar um instrumento musical, não significa que não possa adorar a Deus. No mundo, todos tem capacidade de produzir sons de várias maneiras, mas nem todos os seres humanos são cantores, nem todos gostam de cantar, nem todos são músicos, e Deus não é um rei que obriga seus súditos a adorá-lo somente através da música.
Se alguém se considera um bom cantor e/ou um bom músico, e acha que somente ao executar um bom serviço musical no momento do culto congregacional a Deus está com isso adorando bem ao Rei dos reis, está equivocado. Nenhuma ação executada num culto a Deus que não for movida pela fé na mensagem de salvação é recebedida como adoração pelo Senhor. Deus não pode ser adorado por quem não o conhece. Por isso lemos o seguinte, no livro de Salmos, e, também, nos evangelhos:
Eu te louvarei de coração sincero quando aprender as tuas justas ordenanças. (Salmos 119:7)
Jesus respondeu: Vocês estão enganados porque não conhecem as Escrituras nem o poder de Deus! (Mateus 22:29)
Ao lermos os evangelhos e as cartas dos apóstolos às congregações cristãs de suas épocas, notamos que muito pouco se fala sobre adorar a Deus exclusivamente com cânticos ou com música, porém, enfatiza-se a adoração a Deus com obras de justiça em suas vidas cotidianas. Isso podemos perceber na carta que o apóstolo Paulo escreveu aos cristãos efésios, quando ele os orienta, dentre outras coisas, a substituírem a alegria escandalosa e enganosa provocada pela embriaguez alcoolica que fazia parte de suas rotinas, pela alegria vinda da sobriedade dos cânticos, salmos e hinos de louvor e gratidão a Deus:
Porque outrora vocês eram trevas, mas agora são luz no Senhor. Vivam como filhos da luz, pois o fruto da luz consiste em toda bondade, justiça e verdade; e aprendam a discernir o que é agradável ao Senhor. Não participem das obras infrutíferas das trevas; antes, exponham-nas à luz. Porque aquilo que eles fazem em oculto, até mencionar é vergonhoso. Mas, tudo o que é exposto pela luz torna-se visível, pois a luz torna visíveis todas as coisas. Por isso é que foi dito: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo resplandecerá sobre ti. T enham cuidado com a maneira como vocês vivem; que não seja como insensatos, mas como sábios, aproveitando ao máximo cada oportunidade, porque os dias são maus. Portanto, não sejam insensatos, mas procurem compreender qual é a vontade do Senhor. Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito, falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor, dando graças constantemente a Deus Pai por todas as coisas, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo. (Efésios 5:8-21)
Ao lermos todo o capítulo 5 da carta do apóstolo Paulo aos efésios percebemos que o foco da exortação é um alerta para que os cristãos de Éfeso abandonassem sua antiga maneira de viver e passassem a viver conforme a justiça do Reino de Deus. Ele usou a frase "deixem-se encher pelo Espírito", para que aqueles cristãos pudessem encontrar forças não em si mesmos, mas em Cristo, para que abandonassem o pecado e passassem a viver em novidade de vida. Nosso apóstolo também deixa claro que um dos sinais de quem está vivendo em novidade de vida é a mudança na maneira de falar, quando diz "falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais (...) dando graças constantemente a Deus Pai por todas as coisas (...)".
Uma adoração feita somente com "orações e cânticos", numa situação inusitada (totalmente doloridos por terem sido surrados), hora imprevista (no meio da noite, enquanto todos dormiam) e lugar inesperado (numa prisão de segurança máxima), e sem o acompanhamento de qualquer instrumento musical, foi muito bem recebida por Deus.
E Ele gostou tanto de ser adorado daquela maneira que abriu a cadeia e libertou estes seguidores de Cristo tão dedicados: o apóstolo Paulo e seu companheiro Silas, que haviam sido presos acusados injustamente de perturbarem a cidade de Filipos, ao apregoarem a mensagem de salvação eterna e darem um dos sinais descritos pelos que creem nela, que é expulsar demônios (Marcos 16:17); Filipos era uma colônia romana na antiga região da Macedônia. Vejamos, a seguir, a história completa:

A adoração feita por estes dois irmãos em Cristo foi verdadeira, pois estava sendo movida pelo amor que eles tinham ao Senhor, que era proveniente do conhecimento que tinham acerca d'Ele, e estava sendo executada independente do sofrimento que enfrentavam naquele momento. Eles estavam gratos a Deus por terem conseguido anunciar o Reino d'Ele até ali, mesmo que aquele cárcere fosse o fim da linha para eles.
Eles não estavam orando e cantando por obrigação, mas por gratidão a Deus. Estavam cultuando a Deus na prisão, humilhados pelos romanos, surrados, doloridos, ameaçados de morte, e isto tudo depois de terem anunciado a boa nova da salvação eterna da parte de Deus àquelas pessoas, e ainda terem ajudado uma mulher a ser liberta de uma opressão demoníaca.
Paulo e Silas não estavam interessados em mostrar aos outros que tinham conhecimento musical ao cantarem, ou que sabiam falar bem em público ao orarem na prisão. Eles homenagearam e louvaram a Deus como Ele merece, de todo o coração, por conhecerem a justiça do Reino e por terem sido escolhidos por Deus para anunciá-lo! Isso fez com que Deus cooperasse com eles (Marcos 16:20), e se movesse para ajudá-los; dessa forma, eles não somente puderam continuar apregoando a mensagem de salvação naquele mesmo lugar, o que resultou na conversão do carcereiro e sua família, como também impulsionou-os a seguir viagem e continuarem com o mesmo trabalho nas cidades de Anfípolis, Apolônia e Tessalônica.
Assim, todos os dias, Deus está dando a Sua Igreja oportunidades de adorá-lo primeiramente com suas atitudes no mundo! Deus espera que, antes de se reunirem para cultuá-lo em algum lugar, os seus filhos aprendam a justiça do Reino para andar nela de todo o coração, por gratidão e respeito à graça da salvação eterna concedida a toda humanidade, a fim de compartilharem a mensagem de salvação corretamente onde quer que estejam.
Durante um momento de culto congregacional a Deus, portanto, músicos, cantores, dançarinos, pintores, poetas, oradores, professores, pastores, evangelistas, profetas e todas as pessoas que trabalham nos demais serviços de apoio para que a boa nova do Reino de Deus continue sendo divulgada na terra, já estão (ou pelo menos deveriam estar) adorando e louvando a Deus com suas vidas diariamente, antes mesmo de chegarem ao local da reunião, quer cantem e/ou toquem alguma música gospel ou algum hino da harpa, ou não.
Pastora Oriana Costa.
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